“O corpo diz o que as palavras não podem dizer". Martha Graham






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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Coreografia







Esses dias eu vi uma apresentação de zouk que me fez refletir sobre os trabalhos coreográficos de alguns profissionais da dança de salão. Sob o ponto de vista estritamente de admiradora de espetáculos de dança,
quando eu vou assistir a uma apresentação quero ver no palco ou na pista
(quando esta e usada para esse fim), a beleza, a elegância dos bailarinos com seus figurinos impecáveis; respeitadas as peculiaridades de cada ritmo, a sensualidade/leveza dos movimentos em alguns casos e/ou energia/vigor em outros, o sorriso que contagia ou a expressão apaixonada do olhar, harmonia entre musica, movimentos e figurino, mas tão importante quanto tudo isso ou talvez mais importante ainda é o respeito a essência do ritmo que se propôs coreografar.
Eu disse no inicio do texto que uma apresentação de zouk havia me convidado a refletir e agora eu explico o porquê: a apresentação a que me refiro não teve nenhum passo que fosse essencialmente de zouk, a única figura utilizada por eles e conhecidíssima dos dançarinos de zouk foi a "ondinha" ou "cobrinha" do corpo (desculpem os técnicos porque eu desconheço se existe um nome próprio para essa figura).
Os bailarinos demonstraram ótima performance com seus giros duplos, triplos, aéreos, maravilhosa elasticidade do corpo com aberturas de pernas em ângulos de 180º, flexões de tronco, etc, etc, etc, mas se não fosse a cerimonialista do evento ter anunciado após os nomes dos bailarinos, que seria uma apresentação de zouk e se não fosse a música tocada na hora do show, confesso que seria temerário afirmar de que ritmo se tratava aquela apresentação.
Assim como a dança está presente nos shows de diversas modalidades artísticas, como no teatro, na ginástica; a recíproca é verdadeira e a dança, notadamente a dança de salão, incorporou elementos dessas e de outras modalidades artísticas também.
Quantas apresentações existem em que os bailarinos usam movimentos do ballet, da dança contemporânea e os acrobáticos comuns em circos? São recursos que engrandecem o show, levando a platéia ao delírio, que respondem com assovios e aplausos; contudo, o cuidado deve residir na proporção de utilização desses recursos sob pena de esvaziar seu conteúdo, sua essência. Imaginem um circo sem mágico e sem palhaço ou um espetáculo de ballet clássico sem dehór ou ponta. Igualmente inconcebível imaginar um espetáculo de dança de salão sem os seus elementos básicos; o resto é enfeite, adorno, complemento que torna a apresentação mais brilhante, mas que não podem ser priorizados ao ponto de suplantar suas raízes.

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